sábado, 28 de novembro de 2009

RELAÇÕES FAMILIARES NA LITERATURA

Retomando os autores que tratam das relações Familiares, convido para o diálogo Fiódor Dostoiévski - um escritor russo em:
OS IRMÃOS KARAMÁZOV
Essa obra aborda a família Karamázov e a morte do pai por um dos filhos = parricídio.
Um dos irmãos é religioso e esse discurso ou apelo está muito presente na narrativa.
A psicanálise aborda o desejo da morte do pai pelo filho no complexo de édipo, tão explorado pelo senso comum (presente na novela global MANDALA, veiculada há um tempo atrás). É importante salientar que ao mesmo tempo que deseja a morte sente-se culpado, assim está instalado o conflito inconsciente. Que me perdoem os psicanalistas pela abordagem superficial, mas não é meu intuito aprofundar a questão.
A religião é utilizada para expiação dos pecados, aplacar as culpas, e às vezes penso que também a acirra, dependendo da religião e do religioso, ou seja da leitura que é feito das escrituras sagradas.
Vou destacar aqui um trecho da pág. 284 - Dentro do subtítulo: e) Do religioso russo e de seu possível papel:
"(...) Nada de admirar que os homens tenham encontrado sua servidão em lugar da liberdade, e que em lugar de servir à fraternidade e à união, tenham caído na desunião e na solidão, como mo dizia outrora meu visitante misterioso e mestre. De modo que a idéia do devotamento à humanidade, da fraternidade e da solidariedade desaparece gradualmente do mundo; na realidade, acolhem-na mesmo com derrisão, porque como desfazer-se de seus hábitos, onde irá aquele prisioneiro das necessidades inúmeras que ele próprio inventou? Na solidão, preocupa-se muito pouco com a coletividade. Afinal de contas, os bens materiais aumentaram e a alegria diminuiu.
Bem diferente é o caminho do religioso. Zombam da obediência, do jejum, da oração, entretanto é a única via que conduz à verdadeira liberdade; suprimo as necessidades supérfluas, domo e flagelo pela obediência minha vontade egoísta e orgulhosa, chego assim, com ajuda de Deus, à liberdade do espírito e com ela à alegria espiritual! Qual dentre eles é capaz de exaltar uma grande idéia, de pôr-se à serviço, o rico isolado ou o religioso liberto da tirania dos hábitos? Censura-se ao religioso o seu isolamento: 'Tu te retiraste para um mosteiro para cuidar de tua salvação, e desertastes a causa fraternal da humanidade'. Mas vejamos quem serve mais à fraternidade. Porque o isolamento está do lado deles e não do nosso, mas eles não o notam. Foi do nosso meio que saíram outrora os homens de ação do povo. Por que não será assim em nossos dias? Esses jejuadores e esses taciturnos mansos e humildes se erguerão para servir a uma nobre causa. É o povo quem salvará a Rússia. O mosteiro russo sempre esteve com o povo. Se o povo é isolado, nós também o somos. Ele partilha de nossa fé e um político incréu jamais fará nada na Rússia, seja embora sincero e genial.Lembrai-vos disso. O povo derrubará o ateu e a Rússia será unificada na ortodoxia. Preservai o povo e velai pelo seu coração. Instruí-o na paz. Eis vossa missão de religiosos, porque esse povo traz Deus em si.
Continuarei... 28/11/09 -23h07

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